Hospital Costa Cavalcanti tem novo superintendente
São 200 leitos, dos quais 122 destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Mais de 18 mil m² de área construída, seis salas de cirurgia, mais de mil colaboradores, em torno de 300 médicos no corpo clínico e orçamento que gira em torno de R$ 180 milhões por ano. Esses são só alguns dos números que cercam diariamente Rogério Soares Böhm em sua sala no Hospital Ministro Costa Cavalcanti.
Por mais de 11 anos, ele foi diretor administrativo-financeiro do HMCC e, em fevereiro deste ano, assumiu a superintendência da Fundação de Saúde Itaiguapy, entidade que administra o hospital. Por quase uma década e meia, o cargo foi ocupado por Anilton José Beal, que vai aposentar-se e deixou um sucessor à sua altura. Isso porque, além de ser um experiente administrador, Rogério fica à vontade quando se trata de estrutura organizacional, gestão de processos e modelos de gestão – tanto que em 2007 escreveu o livro “Qualificação da gestão e da assistência: diferenciação e integração em uma unidade hospitalar”.
Na entrevista abaixo, Rogério – que também é o diretor administrativo da ACIFI – fala da importância dos investimentos para o reforço na estrutura de saúde. Ele ainda apresenta o Instituto de Ensino e Pesquisa, recém-criado pelo HMCC para proporcionar melhora na gestão e na qualidade da assistência prestada à comunidade. A outra novidade vem com o cadastramento da Fundação de Saúde Itaiguapy em programas de residência médica.
Revista ACIFI: Quais foram os principais desafios na época de sua chegada ao hospital em 2004?
Rogério Böhm: A minha vinda para cá teve uma relação na época com várias questões ligadas à gestão de processos. Na sequência começamos a desenvolver ferramentas de gestão e planejamento estratégico, até o momento em que se decidiu trabalhar na qualidade da área hospitalar, chamada de Acreditação. Há um universo muito pequeno de hospitais com um modelo de gestão mais aprofundado e certificação de qualidade, e o Costa Cavalcanti faz parte dele. Somos acreditados nível 3, que é a mais avançada certificação brasileira. O nível 1 é baseado na garantia de segurança ao paciente; no nível 2 você fortalece seus processos; e, em linhas gerais, o nível 3 corresponde a uma fase de análise de indicadores e aperfeiçoamento dos processos.
Revista ACIFI: O que mudou no HMCC de 2004 para cá?
Rogério Böhm: O hospital cresceu muito rápido. Em 1996 houve a abertura do atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) e, embora tenham sido feitos investimentos, quase não havia estrutura de apoio para acompanhar a demanda, que aumentou muito a partir de 2002. Se olharmos o planejamento estratégico de 2003 até 2007, vamos ver que era um planejamento praticamente voltado para dentro da instituição, ou seja, adequações internas muito focadas em estrutura física e no sentido de ajustar o quadro organizacional. Hoje você tem um panorama diferente, o HMCC está muito melhor preparado para atender o paciente com qualidade assistencial e segurança não só dele, como de todas as pessoas envolvidas em todos os procedimentos e processos.
Revista ACIFI: Qual é o diferencial do HMCC hoje?
Rogério Böhm: Ao longo dos anos, a busca constante pela qualidade se solidificou, assim como o compromisso do Hospital Ministro Costa Cavalcanti com a sociedade. Hoje atendemos pacientes do SUS, particulares e usuários do Itamed e de outros 45 convênios de saúde. O HMCC se estabeleceu como referência em práticas médicas, assistenciais e de gestão, e isso é comprovado por conquistas como a Acreditação com Excelência, Nível 3. Dentre as 6.710 unidades hospitalares existentes no Brasil, somente 244 têm a chancela de Acreditação Hospitalar. No Paraná, são 15: nove em Curitiba e seis no interior, nenhuma delas nível 3.
Revista ACIFI: Qual a linha de atuação daqui para frente?
Rogério Böhm: Um hospital nunca está totalmente pronto, por isso as mudanças nunca param. Mantemos o foco na adequação da estrutura e na melhoria da qualidade da assistência. Temos um plano diretor para os próximos dez anos, e nesse período há uma previsão de ampliação significativa da área construída do hospital. Além do reforço na estrutura de saúde, outro desafio bem recente é o Instituto de Ensino e Pesquisa, criado para gerar e disseminar conhecimento. Foi a partir do IEP que este ano entramos no programa próprio de residência médica com a aprovação de sete vagas para o HMCC, duas na área de obstetrícia, cardiologia, anestesiologia e uma de radiologia. Esse braço de ensino nos levará a repensar toda a estrutura de saúde de nossa região.
Revista ACIFI: O que o Instituto de Ensino e Pesquisa representa na trajetória do HMCC?
Rogério Böhm: O IEP é um marco institucional para o desenvolvimento de pesquisas e educação na área da saúde. Entre as intenções estratégicas está a contribuição para o aperfeiçoamento contínuo da qualidade assistencial no Hospital Costa Cavalcanti, por meio da formação e capacitação do corpo de profissionais, a promoção da qualidade de vida e saúde da comunidade, e a inserção da instituição no meio científico e educacional. Por exemplo, no ano passado, o instituto firmou parceria com a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) para a realização de pesquisa com a finalidade do Estudo Genético das Malformações Congênitas. Outra novidade foi a realização de um MBA Executivo em Gestão na Saúde, na modalidade in company, em parceria com a faculdade Uniamérica.
Revista ACIFI: Quem participa desse MBA Executivo?
Rogério Böhm: Ele é basicamente para gestores do hospital que trabalham nas áreas administrativas e assistenciais. O curso reúne profissionais de áreas específicas como nutrição, bioquímica, psicologia, entre outros, para estudar gestão na saúde e enxergar a empresa como um conjunto de processos. Ao proporcionar aos colaboradores um MBA como esse, o hospital está investindo em aperfeiçoamento, melhoria e mudança de cultura. O curso veio preencher essa lacuna, e já percebemos a necessidade de formar mais uma turma.
Revista ACIFI: Mudança de cultura em que sentido?
Rogério Böhm: A integração das diferentes áreas num ambiente hospitalar foi o tema da minha dissertação de mestrado. A grande dificuldade num hospital é a administração de conflitos, então na minha pesquisa para a dissertação dividi o hospital em quatro grandes áreas: corpo clínico, corpo de enfermagem, áreas de apoio e diretoria. O estudo, chamado de “Qualificação da gestão e da assistência: diferenciação e integração em uma unidade hospitalar”, buscou justamente compreender como essas áreas enxergam o ambiente e é interessante porque a visão delas é completamente antagônica. Na prática só tem um jeito de fazer essa integração, que é conseguir fazer do hospital um ambiente colaborativo.
Revista ACIFI: O hospital pensa em expandir o Centro Obstétrico?
Rogério Böhm: A equipe técnica já está na fase final da elaboração da planta para a criação de um Centro Materno-Infantil que vai abranger o Centro Obstétrico, UTI e UCI neonatal e alojamento conjunto. Num primeiro momento trabalhamos com duas hipóteses: a primeira é que ele poderia ser construído onde hoje é o Hemonúcleo, e a outra opção seria partir para a verticalização, erguendo um segundo piso sobre o Centro Obstétrico. Precisamos definir o projeto e, consequentemente, realizar a captação de recursos. De qualquer forma, viabilizar essa mudança nos daria um fôlego de espaço para que o hospital cresça. Precisamos, por exemplo, ampliar a área de imagens e também de uma estrutura maior para o pronto-atendimento.
Revista ACIFI: E quanto aos investimentos em equipamentos?
Rogério Böhm: Em busca de melhorias para os pacientes, no último ano, a Fundação de Saúde Itaiguapy investiu mais de R$ 6 milhões em tecnologia, como uma nova unidade de hemodinâmica e arco cirúrgico. Adquirimos também um novo equipamento de ressonância magnética que entrou em operação em janeiro deste ano. Isso reflete em aumento da produtividade e qualidade no atendimento.
Revista ACIFI: Há 20 anos no mercado, como está o plano de saúde Itamed?
Rogério Böhm: O Itamed, plano de saúde do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, está em crescimento com mais de 22 mil vidas, e um dos fatores decisivos para o aumento de usuários foi o convênio estabelecido com a ACIFI. A parceria com a Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu deu uma guinada no plano em termos de venda e deu uma visibilidade maior ao Itamed. Recentemente expandimos para a região, temos um escritório em Medianeira. Estamos num escritório em Medianeira e estamos buscando parcerias com as associações comerciais da região para fomentarmos a comercialização de planos empresariais, como fizemos com a ACIFI aqui em Foz, e abertos para parcerias com os profissionais de saúde dessa região.
Revista ACIFI: Quais os principais parceiros do Costa Cavalcanti?
Rogério Böhm: O papel da Itaipu tem que ser salientado, porque sem esse apoio, tanto da Diretoria da Itaipu, Conselho de Curadores e Conselho Fiscal, não estaríamos na posição em que estamos. Destaque também para a parceria com a ACIFI. Há também a parceria com o Governo do Estado, que está indo muito bem, e temos uma série de convênios com instituições de ensino superior de Foz. Acadêmicos da Anglo, UDC, Unila e Uniamérica fazem parte do cotidiano do hospital. São esses laços muito fortes com a comunidade que contribuem para o Costa Cavalcanti ser o que é hoje. É importante frisar também a parceria e relação que temos com todos os nossos colaboradores, médicos e prestadores de serviço, pois são eles que, no dia a dia, efetivamente fazem o HMCC acontecer e, consequentemente, transformaram o Costa Cavalcanti no que ele é hoje.