“Assumo Itaipu com uma paixão muito grande pela usina e pela cidade de Foz”

O engenheiro eletricista Luiz Fernando Vianna é o novo diretor-geral brasileiro da usina

Ao tomar posse como novo diretor-geral brasileiro de Itaipu, no dia 27 de março, o engenheiro eletricista Luiz Fernando Vianna tornou-se o décimo DGB da história da usina e assumiu o compromisso de manter a binacional como bom exemplo de gestão e de trabalho sério e competente. A cerimônia ocorreu no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba. “Itaipu é exemplo de Brasil e Paraguai que dão certo”, disse Vianna na solenidade.

Filho de Clóvis da Cunha Vianna, prefeito de Foz do Iguaçu no período 1974-1984, Vianna sucede o engenheiro agrônomo Jorge Miguel Samek, que estava no cargo de diretor-geral brasileiro desde janeiro de 2003. Ambos são paranaenses e têm uma relação afetiva com Foz do Iguaçu, no Paraná, onde está instalada a hidrelétrica que o Brasil divide com o Paraguai. “A nomeação de Vianna para Itaipu representa uma grande conquista do Paraná, pois ele é um paranaense de renome no setor elétrico nacional”, afirmou Samek.

Nesta entrevista à Revista ACIFI, Vianna, que estava à frente da Companhia Paranaense de Energia (Copel) desde janeiro de 2015 e ao longo de sua carreira acumulou diversas funções de gestão da empresa, destaca algumas das prioridades da sua administração. Entre elas, a atualização tecnológica da Itaipu, “fundamental para manter a operação exemplar, com altos índices de produtividade e eficiência”, e as tratativas para revisar o Anexo C do Tratado de Itaipu, documento que define as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade. “Esse tema será tratado com profunda cooperação e total integração com nossos parceiros paraguaios.”

Revista ACIFI – Entre os vários desafios já assumidos na sua carreira, como o senhor classifica este, o de representar a Diretoria-Geral Brasileira da Itaipu Binacional?

Luiz Fernando Vianna – Esse é o maior desafio da minha vida, e me sinto muito honrado. Tenho uma estreita ligação com a Copel, mas meu coração também bate forte por Itaipu, uma usina que foi construída quando meu pai era prefeito de Foz do Iguaçu. Existe uma relação afetiva para mim e para minha família. Fico imaginando se meu falecido pai estivesse aqui agora, numa solenidade da usina, cuja construção ele acompanhou tão de perto. Volto a atuar no meu setor de origem, a geração de energia, no qual mais trabalhei em minha carreira. Trabalhei em construção de usinas, em gerência, manutenção e operação; e, inclusive, morei em usinas. Então volto para minha casa de origem, com uma alegria muito grande, nessa grande usina do Brasil e do Paraguai, líder mundial em geração de energia limpa e renovável. Conheço a usina, recebi ótimas informações do Jorge Samek, numa transição muito gentil e competente. Realmente, vai ser um desafio suceder alguém que ficou 14 anos na gestão da empresa e que a conduziu com esse entusiasmo contagiante.

 

Revista ACIFI – Em que medida a sua ampla experiência no setor elétrico, com destaque para a presidência da Copel, pode ajudá-lo nesta tarefa?

Luiz Fernando Vianna – Trabalho no setor elétrico desde 1978. Isso conta muito e me deixa à vontade para conduzir o cargo. Vamos continuar firmes na atualização tecnológica de Itaipu, fundamental para que ela mantenha essa operação exemplar, com altos índices de produtividade e eficiência. Vamos dar atenção especial ao processo de renovação do Anexo C do Tratado de Itaipu, que vence em janeiro de 2023. Esses dois temas, aliados à continuidade e ampliação dos projetos de Itaipu voltados ao desenvolvimento territorial da região de fronteira entre Brasil e Paraguai, são nossos principais desafios.

 

Revista ACIFI – Como o senhor espera que seja a fase de transição entre a nova e antiga diretoria brasileira da Itaipu, além do começo do relacionamento com a diretoria paraguaia?

Luiz Fernando Vianna – Nós começamos bem. Iniciamos num trabalho junto com o Samek, que criou um grupo de transição, e isso está sendo positivo e suave. O fato de você ter um parceiro que seja alinhado e um profissional competente como é James Spalding também facilita muito. O respeito para com nossos irmãos paraguaios é enorme. Aliás, vejo essa parceria Brasil/Paraguai em Itaipu como um exemplo de boa relação internacional, de uma integração respeitosa e extremamente bem-sucedida. 2023 está logo ali. Nesse ano, a usina estará 100% paga. Por isso entendo que devemos iniciar desde já, de forma tranquila e responsável, as tratativas para revisar o Anexo C do Tratado de Itaipu, documento que define as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade. Incluindo-se aqui o custo-Itaipu, a cessão de energia e os royalties. Esse tema será tratado com profunda cooperação e total integração com nossos parceiros paraguaios.

 

Revista ACIFI – A Itaipu assumiu a visão, conforme consta em seu próprio site, de até 2020 consolidar-se “como a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”. Considera esta uma meta possível?

Luiz Fernando Vianna – Continuamos com essa meta, vamos bater sim. Vamos manter Itaipu como bom exemplo do Brasil e do Paraguai que dão certo, exemplo de boa gestão, de trabalho sério e competente.

 

Revista ACIFI – Qual sua opinião sobre o Parque Tecnológico Itaipu?

Luiz Fernando Vianna – O PTI é um avanço. Ao mobilizar o conhecimento técnico acumulado na Itaipu nas últimas décadas, o Parque Tecnológico Itaipu poderá atuar como parceiro estratégico na modernização da usina e contribuir para a consolidação de um polo de inovações tecnológicas na região.

 

Revista ACIFI – Como será a relação da Itaipu com a região, principal Foz do Iguaçu, na sua gestão?

Luiz Fernando Vianna – O relacionamento será excelente. Até porque eu tenho ligações profundas com essa região. Meu pai foi prefeito de Foz do Iguaçu por 11 anos, e minha mãe, dona Léa, com todo carinho que ela tem por essa cidade, onde ela desenvolveu a Guarda Mirim, um trabalho social que existe até hoje, posso afirmar com tranquilidade que será realmente uma relação muito estreita. Itaipu tem excelentes programas de meio ambiente, sustentabilidade, tecnologia, fontes renováveis, carros elétricos, proteção à criança e ao adolescente e fomento do turismo. Vamos fortalecer esses programas e criar novos, buscando sempre a inovação e a contribuição para o desenvolvimento do Estado e do país. Continuaremos sendo grandes parceiros de Foz do Iguaçu e dos municípios da região em diversos projetos conjuntos.