Enquete lideranças
Fotos: Kiko Sierich
Precisamos reagir
“O que aconteceu em Foz do Iguaçu não é diferente do que aconteceu no Brasil: falta de participação da sociedade. A gente deixou os políticos tomarem conta. A gente se acomodou e achou que eles resolveriam o nosso problema, mas a cada dia a situação ficou pior até chegar o caos atual. Em Foz aconteceu a má gestão mais a corrupção exagerada. Precisamos reagir aos desmandos. É preciso participar, ler e buscar informação. Os esclarecidos precisam levar as informações aos menos esclarecidos. O cidadão é responsável pelo destino da coisa pública e precisa fiscalizar as coisas que são nossas: do povo brasileiro.”
Paulo Pulcinelli – Panorama Home Center
Cobrança mais forte
“As entidades fizeram seu papel, mas faltou uma cobrança mais forte no sentido de unir forças com órgãos de controle social. Agora estamos na faxina. É importante a sociedade monitorar de forma permanente e cobrar mecanismos de transparência. A gente precisa que qualquer cidadão seja um fiscal. Ver sem ser visto. O empresário deve ser ético. É preciso entender que não existe corrupto sem o corruptor. A qualquer indício de corrupção, o cidadão deve denunciar. O empresário deve ser ético e manter conduta correta em todas suas ações. Assim a gente provoca mudança em toda a sociedade.”
Elizangela de Paula Kuhn – De Paula Contadores Associados
Campanha é de toda a população
“Chegamos a essa situação por falta de controle e canais de transferências, além de omissão da própria sociedade. O cidadão, o empresário, o iguaçuense como um todo devem trabalhar diariamente em favor da fiscalização e da cobrança do poder público para que esses problemas não ocorram outra vez. Precisamos exigir transparência e redução de gastos da máquina pública. A Câmara de Foz, por exemplo, gasta bem mais que os legislativos de Cascavel, Londrina e Maringá. Os nossos vereadores gastam demais. Essa campanha pela moralização da política é de toda a população.”
Faisal Mahmoud Ismail – Especialidades Odontológicas
Resistência para o bem; facilidade para o mal
“Infelizmente muitas pessoas entram na política por outros motivos: para aproveitarem uma situação e cometerem atos ilícitos. As pessoas corrompem e são corrompidas. A idoneidade da pessoa tem uma determinada resistência para o bem e uma facilidade para o mal. Quem ama Foz quer que ela seja a melhor cidade para viver e conviver. Somente as pessoas de bem que podem transformar para melhor a nossa amada Foz do Iguaçu. Não vamos ver as coisas erradas e fazer de conta que não vimos. Não devemos ignorar as ações erradas e não fazer nada para transformá-las em ações corretas e benéficas.”
Kamal Osman – Kamalito
Apoiar instituições de fiscalização
“Na verdade, o cidadão não erra quando escolhe democraticamente em quem votar. Erra quem entra na vida pública desprovido do sentimento público e faz da carreira política uma forma de enriquecimento quando recebe o voto do cidadão de bem. A única forma do cidadão se defender de futuras decepções é analisar o passado do candidato e investigar, analisar, se ele tem alguma experiência ou capacidade de administrar. Instituições de fiscalização existem. Basta ao cidadão apoiar essas instituições e, individualmente, fazer a sua parte acompanhando a vida pública dos eleitos – cobrando mudanças de postura quando necessário.”
Carlos Nascimento, presidente do Sindilojas
Indispensável para o desenvolvimento
“Os integrantes do plenário do Codefoz aprovaram a participação do órgão na campanha “Basta de Vergonha!”. A aprovação foi por unanimidade durante a reunião ordinária do conselho, realizada em março. A aprovação da participação na campanha oficializa o envolvimento das entidades que compõem o conselho e já atuam no movimento. A campanha “Basta de Vergonha!” é importante por combater a impunidade e a corrupção e exigir mais eficiência e transparência por parte dos representantes públicos. É uma ação da cidade e que interessa a todos. A moralização da política é indispensável para o desenvolvimento de Foz do Iguaçu.”
Roni Temp, presidente do Codefoz
Compartilhar conhecimento e aprendizado
“Do ponto de vista político, a estrutura é arcaica e viciada. O sistema dá muito poder aos partidos políticos e aos governos. Isso tira totalmente a ação da sociedade civil. A sociedade fica refém. O desânimo bate a todos, e as pessoas se afastam da política. Nesse momento cresce a corrupção e cria-se um círculo vicioso e de difícil correção se não houver uma mudança estrutural forte e regida em todas as esferas. Isso afeta as empresas porque cria um ambiente negativo, de desconfiança, de retração de investimentos. O empresário precisa fiscalizar e compartilhar conhecimento e aprendizado para a pessoa exercer sua cidadania.”
Marcelo Valente – Loumar Turismo
Dignidade e honestidade
“Não existe corrupto sem corruptor. O empresário precisa conscientizar-se, fazer sua parte e combater os maus políticos; lutar com as ferramentas existentes dentro da dignidade e da honestidade. O jogo é difícil porque o Estado é corrupto; todo mundo procura facilidades. É preciso disputar espaço com honestidade. Ao menos foi assim que aprendi. Passo isso para minha família, meus filhos e meus funcionários. É preciso discutir o país e a nossa cidade. Os políticos são nossos funcionários, temos que exigir que eles façam a coisa certa.”
Paulo Fernando Quintela – Districal
Boa massa crítica
“O cidadão pode ser participativo na sociedade sem necessariamente ser envolvido em política partidária, mas com boa massa crítica através de sua interação com o cotidiano da cidade. Os clubes de serviços, as instituições de ajuda humanitária ou mesmo setores de representação classistas são excelentes canais por onde o cidadão tem oportunidades de conhecimento e participação. O cidadão precisa compreender e exercer seus direitos. Na medida em que o agente público é cobrado em suas obrigações, o seu trabalho pelo coletivo acontecerá com maior intensidade, pois estará compreendendo que o cidadão está determinado a ter seus benefícios sem abrir mão da sua dignidade.”
Felipe González, presidente do Comtur (Conselho Municipal de Turismo)
Tomar pé da situação
“O cidadão e o eleitor têm um pouco de culpa por Foz do Iguaçu ter chegado a esse estágio, mas a culpabilidade maior é dos eleitos, que não tiveram comprometimento com o município. Nós votamos em candidatos porque acreditamos nas pessoas, mas depois a gente se decepciona. Eu moro aqui há 35 anos e nunca vi algo desse nível de roubalheira. A cidade deu ré, está estagnada. Temos que tomar pé da situação, acompanhar, fiscalizar e cobrar. É mais um trabalho necessário. Quem paga os impostos é o consumidor. Se os recursos fossem aplicados no bem-estar do povo, tudo bem; o duro é que a gente não tem serviços públicos.”
Laudelino Pacagnan – Casa Vitória.
BASTA DE VERGONHA – Reportagem especial
Foz reivindica moralidade e fim da corrupção
Indignação é generalizada na comunidade
É hora de transformar a revolta em ação
Controladoria do município reivindica mais estrutura
Sociedade deve zelar pelo interesse público