Como tentar evitar prejuízos nas vendas em tempos de crise?
Vivemos tempos de dificuldade econômica, por inúmeros motivos que “pipocam” todos os dias, principalmente pela crise política. Com o desemprego e redução de recursos, aumenta a procura pelo pagamento a prazo no comércio, junto com a incerteza de recebimento, pois o brasileiro, de uma maneira geral, pode-se dizer que consome além das suas necessidades básicas.
Manter o ritmo acelerado de vendas de um produto ou serviço é o desejo de qualquer empresário, porém o que muitos não avaliam é que o sucesso do negócio nem sempre está na quantidade comercializada, e sim na qualidade da transação, isto é, quanto a compra vai gerar de lucro para o empreendedor.
A falta de cuidado na análise sobre a capacidade de pagamento do comprador, ou seja, se ele terá condições para saldar a dívida, pode ser muito prejudicial à saúde da empresa. Para evitar que o negócio seja afetado, aqui estão alguns conselhos para reduzir as perdas por inadimplência de clientes:
1) Analise o crédito: faça uma análise de crédito do cliente junto às empresas ou entidades de proteção ao crédito, como o SPC e Serasa. O cliente sabe que está sujeito a essas consultas quando faz compra a prazo, portanto isso não causará mal-estar.
2) Aumente o crédito de acordo com o relacionamento: não abra uma linha de crédito muito grande logo na primeira compra do cliente, vá aumentando à medida que o relacionamento comercial se fortaleça.
3) Forneça nota fiscal: não venda sem nota fiscal. Além de ilegal, deixa você sem nenhum amparo se tiver de acionar o comprador.
4) Peça referências: solicite referências comerciais, bancárias e pessoais, mas cuidado, as referências comerciais e pessoais podem ser “carimbadas”, ou seja, instruídas sobre o que se deve falar.
5) Prefira pagamento em cartão: apesar do custo financeiro, na dúvida, prefira o cartão de crédito ou débito como forma de pagamento. Assim, se o cliente ficar inadimplente, a dívida será com a administradora do cartão, sendo essa a melhor maneira de evitar perda, mesmo com as taxas a pagar.
6) Faça contrato: para volumes mais expressivos de venda, não hesite em firmar um contrato e pedir algum tipo de garantia e aval de terceiros (analise o crédito).
7) Entenda padrões de consumo: se o cliente for uma empresa, na medida do possível, tente entender o seu negócio. Isso é útil para identificar padrões de consumo e melhorar vendas futuras.
8) Se for arriscado, não venda: nenhum empreendedor se sente satisfeito em perder uma venda, mas, apesar de o impulso natural ser contrário a isso, às vezes, o ato de não vender representa um ganho financeiro que sempre deve ser considerado. Se encontrar um cliente que lhe suscite dúvida, não venda.
Se após efetuada a venda ocorrer a mora e/ou o inadimplemento, não hesite em recorrer aos mecanismos extrajudiciais mais eficazes, que seriam a inclusão do inadimplente no cadastro restritivo como o SCP ou Serasa. Levar o título a protesto também é outro recurso. Certamente o crédito do inadimplente sofrerá abalo, o que na maioria das vezes leva à renegociação do débito. A palavra prevenção é como um remédio para a venda certa e a manutenção da atividade comercial.
Marcelo Brito Almeida, advogado, especialista em Direito Civil e Direito Processual Civil.
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