Edição #3

Foz do Iguaçu dá boas-vindas ao curso de Medicina

Mais do que a formação de novos profissionais na área médica, a mais recente graduação implantada na Unila tem tudo para desenvolver a economia e fortalecer a cidade como polo educacional e de saúde

_MG_42401Professores e alunos em sala de aula. O curso de Medicina é uma realidade. E agora? Qual será o efeito na economia? O que a cidade ganha com isso, além, é claro, de novos médicos para trabalhar na cidade? Há razões para acreditar que o curso vai trazer benefícios, sim. Consolidação do polo universitário, valorização da área de saúde e mais demanda no comércio, indústria e serviços.

Existem boas perspectivas no setor imobiliário e na abertura de novas clínicas, laboratórios, lojas de equipamentos médico-hospitalares e melhoria da assistência dos serviços. Por outro lado, à medida que ocorre a formação de novos profissionais na área médica, a resposta recíproca vem sob a forma de maior interesse, até mesmo necessidade, de outros profissionais como enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais e psicólogos, entre outros.

A criação do curso de Medicina atende a uma reivindicação histórica da comunidade de Foz do Iguaçu. Em nome da sociedade, com apoio de entidades locais e regionais, a ACIFI liderou uma campanha pró-curso de Medicina. O movimento desencadeado em 2011, na gestão da presidente Elizangela de Paula Kuhn, tinha como principais argumentos: consolidar o polo educacional, que vem formando-se com as instituições de ensino superior, públicas e privadas, e garantir mais médicos e profissionais de saúde para atendimento da população. “O tempo mostrou que a mobilização da sociedade deve trazer os resultados que todos esperam, ou seja, mais saúde, mais emprego e mais desenvolvimento”, afirma o presidente da ACIFI, João Batista de Oliveira.

Hoje, de acordo com dados do Conselho Regional de Medicina (CRM-PR), Foz do Iguaçu conta com 435 médicos ativos, muito abaixo de Cascavel, com 830. Comparada à realidade de Maringá, a diferença é ainda maior, pois a cidade tem 1.429 profissionais em atividade. Considerando a população de 256 mil habitantes, em Foz existe um médico para cada 588 pessoas, enquanto em Maringá a proporção é de um para cada 250 pessoas.

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Saúde impulsiona economia de Foz do Iguaçu, revela estudo

O curso de Medicina da Unila vem ao encontro do Plano de Desenvolvimento Econômico de Foz do Iguaçu. O estudo foi encomendado pelo Codefoz (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu) ao professor Carlos Paiva, pesquisador da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul.

O diagnóstico, aprovado por unanimidade em reunião do plenário, apontou as atividades “propulsivas” da economia iguaçuense. As propulsivas são aquelas que injetam dinheiro na economia, gerando renda primária, e conectam uma região com o seu exterior. Elas são especializadas e próprias da localidade.

O estudo aponta quatro pilares: o turismo e a logística como as principais cadeias propulsivas da economia iguaçuense. O terceiro pilar é a união da educação e da ciência e tecnologia. O quarto é a saúde. Nesse caso, inclui toda a sua cadeia, incluindo a prestação de serviços e venda de equipamentos. Tudo isso impulsionado não só pelos iguaçuenses, mas também pelos moradores do Paraguai que cruzam a fronteira em busca de atendimento em Foz. Além, é claro, dos moradores de municípios do Oeste do Paraná.

Segunda Paiva, “Foz do Iguaçu vem se consolidando, há algum tempo, como referência regional nas pesquisas sobre energia e uso da água. Na medida em que a Unila se volta às áreas biomédicas, mais um elo desta dinâmica rede de serviços é consolidado. Este é, sem dúvida, o caminho. E ele vem sendo percorrido com sinergia e solidariedade”.

Na proporção de habitantes por médico, Foz tem cenário desfavorável

TABELA

 






Fontes: CRM-PR e IBGE 2013

Pesquisa nacional realizada pelo Ministério da Saúde, em 2013, revela que o Paraná tem 10.439.601 habitantes e 18.706 médicos = 1,79/para mil habitantes

Unila consolida polo universitário

A conta é simples. Até 2020, a Unila planeja ter 703 técnicos-administrativos em educação e 628 professores. Ou seja, 1.331 pessoas empregadas. Mesmo fazendo um cálculo modesto, o impacto na economia de Foz merece respeito. Se cada trabalhador tiver um gasto mensal de R$ 1.000, serão injetados R$ 1,3 milhão a cada mês – em torno de R$ 15,6 milhões ao ano. Nada mau!

Agora, pensemos nos dez mil alunos que a universidade abrigará quando estiver a pleno vapor. Sejamos mais modestos ainda. Que cada um dos estudantes tenha como despesa fixa algo em torno de R$ 500/mês. Sabe quanto vai entrar na economia da cidade: mais R$ 5 milhões/mês, o que dá R$ 60 milhões/ano. Total: mais de R$ 65 milhões. E nessa conta nem entrou o orçamento da própria Unila.

Além de aquecer a parte econômica, que vai dar um novo impulso às regiões da Vila C e do Porto Belo, a Unila vai contribuir para consolidar Foz do Iguaçu “num polo de educação superior, desenvolvimento científico, tecnológico”, explica o reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho. “Claro que isso envolve as outras universidades: Unioeste, UDC, Uniamérica, Cesufoz. Há todo um conjunto de atividades que já têm uma importância hoje na cidade.”

O professor Josué Modesto sabe o que diz. Está no ensino superior há 34 anos, quase metade dedicada à gestão da Universidade Federal de Sergipe (foi vice-reitor por dois mandatos e reitor em outros dois). A consolidação da universidade, que vai ter 41 cursos só de graduação – sem contar os de especialização, mestrado e doutorado –, vai mudar o perfil de Foz. Ele enxerga “uma cidade produtora de conhecimento, produtora de serviços de alta qualidade, de educação, serviços de saúde, cultura, tecnologia e desenvolvimento científico”.

Sem falar da diversidade cultural. Metade dos alunos vem de países latino-americanos. Trazem e compartilham aqui seus costumes, suas crenças, seus idiomas, seu jeito de viver, tornando ainda mais cosmopolita a cidade que já abriga mais de 70 etnias. O reitor lembra que “o propósito da Unila é de ter maior compreensão possível da América Latina como um todo; buscar também aproximação com pesquisadores e estudantes de países como o Haiti, El Salvador, México, Nicarágua”.

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