País precisa ajustar política econômica em 2015 para voltar a crescer, diz Gustavo Loyola
O Brasil deve registrar no próximo ano mais uma baixa evolução do PIB, mas 2015 deve servir para que sejam feitos ajustes na política econômica para que o país volte a crescer com mais intensidade a partir de 2016. A análise é do economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Branco Central, em sua palestra na 24ª Convenção Anual da Faciap, realizada em Foz do Iguaçu. Para Loyola, apesar do cenário desfavorável, o Brasil não corre risco de uma “argentinização”, referindo-se à profunda crise econômica atravessada pelo país vizinho.
Para o economista, o país registra hoje um baixo crescimento econômico por conta de não ter feito ajustes necessários nos últimos anos. “Estamos pagando por erros de política econômica. Tivemos uma política econômica focada fortemente no crescimento do consumo, descuidando-se das necessárias políticas para incentivar o aumento da produtividade, da competitividade e do desenvolvimento”, afirmou.
Segundo ele, a crise internacional também impacta sobre a economia brasileira, mas não pode ser utilizada como desculpa para o baixo crescimento. Isso porque outros países emergentes seguem crescendo em ritmo mais acelerado. “O Brasil não cresce por razões próprias. Não quero dizer que o cenário internacional não interfere, porque ele tem seus desafios. O Brasil tem um crescimento potencial de 3% ao ano, mesmo com a situação internacional como está, mas isso não acontece por falhas na política econômica”, reafirmou.
Na previsão de Loyola, o baixo crescimento econômico brasileiro continuará em 2015, devendo ficar em torno de 1%. Apesar disso, ele diz não acreditar que o país possa entrar em recessão ou enfrentar uma crise profunda como a atravessada atualmente pela Argentina. “Mesmo num cenário pessimista, o Brasil não corre o risco de passar por uma ‘argentinização’, com uma economia caótica e grande intervenção estatal”, declarou.
Para o economista, o próximo ano deve ser um período de ajustes na política econômica brasileira, para que o país possa voltar a crescer em patamares mais elevados a partir de 2016. “Acredito que 2015 vai ser um ano muito parecido com 2014, com o desemprego crescendo um pouquinho. A maioria dos indicadores será positiva, ainda que de maneira muito leve, mas sem recessão”, afirmou.