Comunidades buscam desenvolvimento integrado
Foz do Iguaçu e Ciudad del Este têm renovado os esforços pela integração e trabalhado na mesma direção. Reservadas as particularidades, os dois países buscam o desenvolvimento potencializando um ao outro. Foi assim com a Ponte da Amizade. Hoje, em comum há o foco no turismo e na logística do comércio de exportação.
A sinergia é latente. Uma das medidas dos governantes paraguaios foi a construção de uma aduana em Ciudad del Este. A maior parte dos recursos foi doada pelo Brasil, visando a melhorar as instalações da zona primária. Inaugurada em 2011, a estrutura permitiu aperfeiçoar o controle e fiscalização de mercadorias que saem do país vizinho rumo ao Brasil.
Hoje existem ferramentas como o Codefoz e o Codeleste, conselhos de desenvolvimento econômico e social de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, respectivamente. O brasileiro já tem dois anos de criação, enquanto o paraguaio está prestes a ser formalizado. Nesse sentido, vale destacar que Puerto Iguazú caminha para o mesmo lado, com a criação de um conselho semelhante.
Juntas, as três comunidades participam de um programa de desenvolvimento integrado chamado Fronteiras Cooperativas. A ação, incentivada pelo Sebrae Nacional por meio de trabalhos de internacionalização, é capitaneada pelo Sebrae no Paraná. O projeto visa ao fortalecimento das pequenas e médias empresas das três cidades, além de buscar desenvolver projetos voltados à formação de lideranças.
O Sebrae tem uma verba de R$ 250 mil por ano, durante três anos, ou seja, R$ 750 mil garantidos para o Programa Fronteiras. Na mesma linha estão os recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), do Focem (Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul), destaca o presidente da ACIFI, João Batista de Oliveira. “Esses são apenas dois exemplos de fontes de recursos que ajudam no crescimento da região trinacional.”
O presidente da Unión Industrial Paraguaya (UIP), em Alto Paraná, Benicio Aguilera, enaltece a união nos dois lados da fronteira em prol de causas comuns. “Temos unido força em torno de objetivos únicos possíveis de serem alcançados. Atualmente, os esforços estão voltados para o aumento da cota de compras de US$ 300 para US$ 500. A redução da cota para US$ 150 está fora de cogitação. Será uma conquista para toda a região, um bem comum para todos”, comenta o paraguaio.
Nesse cenário, vale analisar o papel da Itaipu Binacional como propulsora das economias locais. No Brasil, a usina compartilha os royalties apenas com as cidades vizinhas ao lago. No Paraguai, a hidrelétrica divide os royalties com todos os municípios paraguaios. Então, Ciudad del Este, em comparação a Foz, recebe menos royalties. Por isso é importante encontrar e criar outras ferramentas para o desenvolvimento integrado.
Plano de Desenvolvimento
Sustentável do Leste
No Paraguai, o setor privado decidiu agir em benefício do principal centro de comércio do país motivado inclusive pela falta de um ministério federal específico, como o das Cidades. O equilíbrio de fatores sociais, econômicos e ambientais é a base do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Leste, elaborado com vistas ao crescimento de Ciudad del Este.
A empresária Natalia Ramírez Chan, presidente da Asociación Plan de Desarrollo del Este, explica que o Plano Diretor visa a solucionar problemas decorrentes do crescimento rápido e desorganizado da cidade. Segundo ela, as propostas são focadas no uso do solo e na adequação do sistema viário e do transporte público. A primeira parte do trabalho está concentrada no microcentro do município, que passa por revitalização.
O padrão de Curitiba de coleta de lixo também é sugerido para dar destino correto ao material reciclável gerado na cidade vizinha e para colaborar na mudança do visual e na limpeza das vias públicas. Nessa linha ambiental, o projeto ainda prevê, por exemplo, a reurbanização do parque do antigo aeroporto e a revitalização de áreas degradadas.
Mas o plano de desenvolvimento vai além e contempla o fomento ao turismo de negócios, por meio da construção de um centro de convenções às margens do Rio Paraná. Outro aspecto seria a implantação de opções para o período noturno, que atraíssem visitantes após o fechamento do tradicional comércio de compras.
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