Por dentro do custo de energia
Com a deterioração das finanças públicas, subsídios ao setor elétrico deixaram de ser oferecidos pela União e custos foram embutidos na conta do consumidor. Especialistas dizem que a luz mais cara veio para ficar e que o aumento médio das tarifas será de 50% em 2015
A disparada dos preços da energia por causa da escassez de chuvas e do funcionamento das usinas térmicas já tira o sono dos brasileiros. Com a Revisão Tarifária Extraordinária, a tarifa para o consumidor paranaense subiu, em média, 36,8%. Grande parte do aumento autorizado na revisão extraordinária refere-se à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
A Agência Nacional de Energia Elétrica autorizou o reajuste extraordinário para que as distribuidoras pudessem compensar o aumento da tarifa de Itaipu (de 46%, em dólar), o fim dos subsídios do Tesouro à Conta de Desenvolvimento Energético, fundo que banca despesas do setor, e a compra de energia a preços elevados em um leilão promovido em janeiro.
Destinada a programas sociais e a promover fontes alternativas de energia (eólica, pequenas centrais hidrelétricas, biomassa e carvão mineral), a CDE deste ano terá orçamento de R$ 25,96 bilhões e receita ordinária de R$ 2,75 bilhões. Com isso, será necessária uma arrecadação de R$ 23,21 bilhões, valor que deverá ser pago por meio de cotas, cabendo aos consumidores pagar a diferença, e não ao contribuinte – como ocorreu em anos anteriores, quando coube ao Tesouro Nacional bancar parte dessa diferença.
Paralelamente a esse reajuste, desde o início do ano há o acréscimo da taxa referente à bandeira vermelha, implementada sempre que os regimes de chuvas estão preocupantes e os níveis dos reservatórios estão muito baixos. Com isso a fatura de energia tornou-se um pesadelo para todos os consumidores.
Na opinião do engenheiro eletricista Carlos Batista da Silva, representante da ACIFI/FACIAP no Conselho de Consumidores da Copel, o país precisa crescer, e para crescer precisa de energia. Com pouca água nos reservatórios de hidrelétricas, o Brasil continua recorrendo às usinas termelétricas. O problema é que a energia térmica é mais cara, além de ser mais poluente. Para piorar, em junho está previsto o reajuste tarifário da Copel.
“Estamos enfrentando uma crise no setor, com seca prolongada, falta de investimentos e falha no que já foi investido, então é complicado ficar otimista nesse cenário. Se não agirmos rápido, nós, consumidores, iremos pagar um extra na conta de luz por muito tempo”, conclui.
Revista ACIFI – Diante desse cenário, qual o desafio ao consumidor de energia?
Carlos Batista da Silva – Procurar utilizar fontes renováveis e programar ações para o uso racional de energia.
Por que procurar fontes renováveis de energia?
O setor energético brasileiro encontra-se pressionado, atualmente, por problemas de curtíssimo prazo, como o risco de racionamento e a necessidade de continuar com os investimentos que assegurem o abastecimento no futuro. O sistema elétrico brasileiro precisa crescer para atender à demanda necessária ao desenvolvimento do país, mas isso não é tão simples assim. Para se construir usinas, subestações e linhas de transmissão são necessários muitos anos, e não podemos esperar. É preciso agir, e rápido, porque os custos só tendem a aumentar e os setores produtivos, como a indústria, sofrem com a perda constante de produtividade.
Quais as fontes alternativas de energia?
Energia solar fotovoltaica, energia eólica e biomassa, entre outras. A energia solar fotovoltaica se apresenta como grande alternativa, visto que temos alta taxa de incidência de raios solares em nossa região o ano todo, e os custos com sua implantação estão cada dia menores.
Economizar energia é alternativa para driblar o reajuste da conta de luz?
Poupar energia é uma questão cultural. Pequenas mudanças de hábitos podem refletir em uma grande economia. Medidas simples, como trocar lâmpadas e otimizar o uso de aparelhos, podem contribuir para reduzir o impacto do aumento no bolso do consumidor. Detectar e restringir casos de desperdício é o primeiro passo para controlar o prejuízo e manter equilibrado o consumo de energia da residência.