José Borges Bomfim Filho estreia como colunista econômico na Revista ACIFI
Economia em tempo de crise
Por José Borges Bomfim Filho
O momento econômico que atravessamos pode ser compreendido como uma oportunidade para se reinventar. Trata-se de uma crise aguda de confiança, na qual os agentes econômicos se retraem e esperam tempos melhores. Isso ocorre porque claramente se verifica o esgotamento de um ciclo econômico de alta, que se baseava no estímulo ao consumo e na oferta abundante de crédito. De certa forma um artifício que se mostrou insustentável. Contudo não significa que as condições que geraram a prosperidade naquele ciclo se extinguiram junto com ele. Refiro-me aos avanços tecnológicos, ao conhecimento acumulado, aos bens de capital, às experiências, às inovações e a todo o legado deixado.
A história revela que os chamados períodos de recessão precederam fases de grande prosperidade e que foi nesses momentos que ocorreram os grandes avanços tecnológicos e a renovação das forças produtivas. Além disso, os agentes econômicos se tornaram mais fortes e experientes. Entretanto, esse é, de fato, um tempo de aprendizado, que cria novas tendências, novas exigências e novas estruturas. Portanto, não é um período para se esconder ou simplesmente deixar passar, mas sim para se reciclar, pois o que vem depois é diferente de tudo que se tinha antes.
A economia iguaçuense está inserida nesse contexto e é afetada por ele, mas com intensidades distintas daquelas do restante do país, uma vez que a mola propulsora é o turismo, o qual, independentemente da crise brasileira, tem acesso ao mercado mundial. Sendo assim, é bom lembrar que a crise não elimina os atrativos turísticos, tampouco a expertise dos agentes econômicos iguaçuenses. Contudo, é um tempo de busca de novas oportunidades, de quebra de paradigmas e do surgimento de novos negócios.
Logo, não é o tempo que é difícil, ou arriscado, mas o apego às velhas práticas de gestão, processos, produtos, estratégias ou ideias que coloca os negócios em risco. Mais do que nunca, Foz do Iguaçu precisa estar em sintonia com o mundo, pois aí está o seu mercado potencial. Não é momento de se retrair, pois quando as empresas se retraem, perdem um tempo precioso de preparação. Nos chamados “ciclos econômicos”, aprendemos que a recuperação é uma questão de tempo, tanto é que a humanidade continua prosperando a passos largos. Além disso, no fim de um ciclo, seja de baixa ou de alta, sempre se acumulam experiências, capacidades e meios produtivos. Os períodos de recessão sempre geram grandes oportunidades de reinvenção.
Enfim, algumas coisas não mudam, seja nos períodos de alta ou de baixa da economia, pois as necessidades das pessoas continuam ilimitadas. As suas experiências dos tempos de prosperidade as impulsionam a retornar àquele estado, e elas farão de tudo para isso. Precisamos saber que em termos econômicos o que foi acumulado não se perde, por isso devemos sempre ter em mente que crises nada mais são do que oportunidades para se reinventar ou, se preferir, para se promover mudanças.
José Borges Bomfim Filho é economista sênior e diretor de Desenvolvimento do Turismo, da Secretaria Municipal de Turismo de Foz do Iguaçu