As virtudes da região são imensas
Jorge Samek
Uma das maiores iniciativas tomadas pelas instituições e principais atores das cadeias produtivas do Oeste do Paraná é o “Oeste em Desenvolvimento”. Essa é uma oportunidade real de, conjuntamente e em cooperação, identificar-se problemas e, de forma pactuada, adotar prioridades comuns e um rumo coletivo em busca de soluções para nossos problemas.
Os gargalos são muitos; mas as virtudes, imensas. Do que precisamos é ter sabedoria em identificar as ações corretas – táticas e estratégicas – para superar os gargalos e potencializar as virtudes. Entre as virtudes, o forte e organizado cooperativismo e a existência de empresas locais de expressão estão entre as principais. Quanto à infraestrutura e à logística, são partes importantes, mas não únicas. Há outros temas que também temos de melhorar. Nessa temática da logística, sendo abrangente na análise, estamos distantes tanto dos centros consumidores como dos principais pontos de exportação (portos) ou de atração de turistas (aeroportos e rodovias).
E isso tem de ser pensado buscando-se explorar as nossas múltiplas possibilidades – ferrovias, rodovias, hidrovias e aeroportos. E associando oportunidades para as nossas cadeias fornecedoras do imenso mercado nacional com a exportação, o turismo e o lazer. E temos de integrar-nos com Paraguai, Argentina e Chile e ter forte conexão com o Pacífico. Isso tudo é complexo e exige muitos investimentos e só se realiza com unidade, capacidade técnica dos projetos e articulação política.
Nessa busca do aumento da competitividade regional, nosso território tem no biometano uma oportunidade ímpar que não pode desperdiçar, pois aqui temos os principais projetos de desenvolvimento dessa área no país, que são da Itaipu e do CIBiogás. É uma enormidade de dejetos animais e resíduos agrícolas e agroindustriais que, com os resíduos orgânicos urbanos, conformam milhões de metros cúbicos que podem, com certeza, reduzir o custo da logística interna no território, aumentando sobremaneira nossa competitividade. E temos tudo para sair na frente com esse uso em nossa região e reter conhecimento e capacidade para fornecer à América Latina toda.
A Itaipu Binacional, o Sebrae e o Parque Tecnológico, em parcerias importantes com a Caciopar, AMOP, Unioeste e outros, tem investido em formação para o desenvolvimento local, criando possibilidades de formatar uma visão compartilhada do que é desenvolvimento e quais são os fatores que efetivamente implicam facilitar ou acelerar o desenvolvimento de um território. Não há desenvolvimento pleno sem pessoas com conhecimento, educação, capacidades desenvolvidas, visão comum de futuro e protagonismo empreendedor. Mais que isso, Itaipu investe no PTI e num conjunto de instituições de educação, pesquisa, incubação, desenvolvimento tecnológico, entre outras, que precisam ser melhor apropriadas e aproveitadas pelo território e ampliar sua integração às problemáticas regionais.
Também foi por meio da Itaipu que se conseguiu adequar toda legislação brasileira, no período do Governo Lula, para uso da geração distribuída de energias, o que precisa ser melhor utilizado e desenvolvido, tanto na região como no país. Também temos em Itaipu os principais projetos brasileiros em baterias de acumulação de energia, veículos elétricos e um estudo para se realizar uma revolução na produção e uso de painéis fotovoltaicos – energia solar – no país e na América Latina. Da mesma forma, no campo ambiental, com o Cultivando Água Boa. E isso tudo agora pode sintetizar-se e consolidar-se no “Oeste em Desenvolvimento”.
Não há desenvolvimento efetivo sem ação pública e privada integrada. Portanto temos de ter capacidade de diálogo e analisar gargalos, estabelecer ações e prioridades e buscar soluções conjuntas, num jogo ganha-ganha. A viabilização de recursos e a convergência de ações e obras, sejam municipais, estaduais ou federais, entram nesse escopo. Ou se tem visão comum, prioridades e vontade política claras, ou cada um fará o seu pedaço, mas o quebra-cabeças nunca fechará. Sempre sobrarão peças de recursos mal aplicados – porque foram mal discutidos ou mal priorizados – e faltarão peças – obras adequadas e políticas públicas oportunas e eficientes – nesse puzzle. Assim, temos de ter bons projetos, capacidade de diálogo e construção política adequada. A aceleração desses processos só tem um caminho: diálogo franco, engajamento institucional e pessoal de todos, além de muita vontade política, para construirmos uma unidade sólida pró-território Oeste.
* Jorge Samek é diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional.
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