Edição #9

Fim de ano: a lógica consumista e as lições aos filhos

Coluna Economia, por José Borges Bonfim Filho

José Borges Bomfim Filho é economista sênior e diretor de Desenvolvimento do Turismo, da Secretaria Municipal de Turismo de Foz do Iguaçu

José Borges Bomfim Filho é economista sênior e diretor de Desenvolvimento do Turismo, da Secretaria Municipal de Turismo de Foz do Iguaçu

Não se pode negar que as festas de fim de ano representam, para o mundo ocidental, um momento mágico, que pode ser aproveitado para se tirar grandes lições. Por isso não se deve perder a oportunidade de ensinar, principalmente aos filhos, como lidar com suas realidades financeiras.

No Brasil se disseminou uma lógica equivocada, diga-se de passagem, de que a primeira coisa que se deve aprender é gastar – em vez de guardar. Nesse caso a ordem dos fatores altera a soma, tendo como consequência, quase sempre, o desequilíbrio financeiro das famílias.

A maioria dos brasileiros, salvo os mais abastados, teve de aprender a viver, desde cedo, com muito pouco. Quase sempre o orçamento familiar encontrava-se deficitário. Mesmo assim foi disseminada a crença de que: quando eu era criança, não tive acesso a certas coisas; agora quero oportunizar que meus filhos tenham, como uma espécie de redenção.

Esse apelo sentimental distorce um fato relevante: o maior presente que se pode dar a uma criança é o conhecimento sobre a vida e, principalmente, sobre a vida financeira, para que no futuro ela não repita os erros de seus pais. As lições de vida valem mais do que todos os presentes do mundo. As crianças, na medida do possível, devem conhecer a realidade na qual vivem e aprender que essa realidade pode ser temporária, desde que haja vontade, disciplina e trabalho para mudar.

Real brasileiro Brazilian brasileo  brasilianoPode ser que os pais de hoje não tenham diálogo com seus filhos, que não disponham de tempo para ensiná-los, que tenham traumas de infância que os impeçam de dar o exemplo, devendo lembrá-los de que nenhum presente do mundo substitui o amor e o ensinamento dos pais.

Não se deve subestimar a inteligência dos filhos. Se com amor lhes apresentarmos a realidade, eles compreenderão e aprenderão a importância das coisas fundamentais da vida, como: estudo, trabalho e disciplina. Além disso, aprenderão que a primeira lição de economia que se deve saber é como ganhar a vida.

Quando isso se torna claro na mente de uma criança, tudo fica mais fácil para os pais, pois ela aprende a dar a devida importância aos presentes que ganha e aprende que a vida deve ser levada a sério e que ela deve valorizar o esforço de seus pais em querer proporcionar-lhe o melhor.

Não devemos, portanto, perder a chance de ensinar aos nossos filhos o quanto custa um tênis novo, a viagem de férias, o celular ou o videogame de última geração – não apenas financeiramente, mas, sobretudo, qual o esforço para conquistá-los. Essa lição é uma das mais importantes na vida de um ser humano.

Temos de interromper a crença disseminada no Brasil de que as coisas são fáceis, de graça, e que não é preciso esforço algum para consegui-las, substituindo-a pela lição realista da meritocracia.

Nossos filhos merecem o presente do aprendizado, e esse não nos custa nada financeiramente, porém precisa apenas da dedicação de tempo, o qual pode fazer a diferença para uma vida inteira.

O que vale mais é a ilusão de que não existem limites para o consumo ou a realidade das limitações? A resposta para essa questão pode significar uma vida de insegurança ou uma vida equilibrada. É simples, tudo não passa de saber escolher. Lembrando que os limites para as necessidades humanas são definidos por uma mente consciente e disciplinada, que acumulou conhecimentos ao longo do tempo.

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