Edição #15

“Corrupção é nefasta na vida do cidadão”

Promotor Marcos Cristiano Andrade – Foto: Kiko Sierich

 

Promotor defende que homens de bem precisam ter a mesma ousadia que os corruptos

O promotor Marcos Cristiano Andrade é autor de várias denúncias em defesa do patrimônio público em Foz do Iguaçu. Lotado na 6ª Promotoria, sustenta que a corrupção impacta a vida do cidadão da forma mais nefasta possível. “Uma vez que o dinheiro público está no bolso de alguém para andar de lancha, viajar de primeira classe e tomar uísque, milhares de pessoas foram prejudicadas”, explana.

Como caminho para superar os problemas no poder público, Andrade resgata um pensamento de Benjamin Disraeli, primeiro-ministro do Reino Unido de 1874 a 1880: “O momento exige que os homens de bem tenham audácia dos canalhas”. Para o promotor, os homens de bem de Foz do Iguaçu precisam ter a mesma ousadia que os corruptos e se colocarem nos cargos públicos.

Segundo o promotor, o momento é propício para mudança de mentalidade e postura da população iguaçuense, para que haja cobrança não só sobre os políticos, mas para que, simbolicamente falando, o vizinho cobre do vizinho, o amigo cobre do amigo e assim por diante. “Existe esperança? Sim! A esperança precisa vir do verbo esperançar: almejar, sonhar, buscar e agir (é contrário de esperar)”, pondera.

Integrante do Ministério Público Estadual em Foz desde 2011, no qual possui atribuição cível e criminal de defesa do patrimônio público, ele sustenta que a simples indignação não muda nada. É preciso mudança estrutural. Na opinião dele, a indignação é o primeiro estágio da mudança, mas não pode ser o único. É preciso ter uma ação, uma atitude, uma postura diferente. “Não temos garantia que novos agentes públicos não cometerão atos de corrupção”, diz Andrade, que também é coordenador regional do Gepatria (Grupo Especial de Proteção ao Patrimônio Público e Combate à Improbidade Administrativa).

Efeito Pecúlio – Andrade é cético quando questionado se a corrupção tende a diminuir automaticamente como efeito da Operação Pecúlio, que totaliza em torno de 140 denunciados pelos mais variados crimes. Para ele, num primeiro momento, a corrupção tende a diminuir por medo das pessoas. Seria efeito imediato do choque causado pela investigação e prisões. “Mas se a sociedade não ficar de olho, o crime volta a ser praticado aos poucos, pelos mesmos caminhos ou novos.”

Sobre a Câmara de Vereadores, é enfático ao afirmar que a legislatura passada não cumpriu o papel de fiscalizar, do contrário não haveria tantos desmandos. “Esperamos que a nova legislatura cumpra o papel institucional do Legislativo. Caso não cumpra, que a população traga as notícias de irregularidades para que sejam adotadas as medidas judiciais cabíveis”, conclui o integrante do Ministério Público Estadual.

 

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